domingo, junho 10

Tempo. Um tempo. O tempo. Quem és tu?

Escrito por M. às 12:03
Diante da correria do dia-adia, deparo-me com uma pergunta. Não paro para pensar, por que estou atrasada, entretanto! Mas, a pergunta não se cala, ora essa! Preciso trabalhar, estudar, e por que não me deixas em paz? Não vês que não tomo de muito tempo?! Ah, o tempo... Aquele que sempre me falta. Se um dia tivesse a oportunidade de ser Deus, acrescentaria mais seis horas ao dia. Mas, como não O sou, vivo em eterna correria. Se respirar não fosse automático do ser humano, nem respirar iria; morreria.

Mas morrer instantaneamente, por que morrer, morro todos os dias. Não falo de envelhecer, pois envelheço desde que um embrião eu era um. Falo de morrer. 

A cada dia que passa, eu morro um pouquinho, tudo por causa do tempo que me consome todas as energias. Quando se vê, já se passaram 50 anos! E eu vivo, sem plenamente viver. 

O tempo me persegue. Toda os bons momentos de minha curta vida. Não me deixa em paz. Não vivo intensamente, por que sempre sinto que me falta tempo. Quando percebo, perdi o amor da minha vida. Quando percebo, perdia a minha família. Mas o tempo nunca vou perder. Por que o tempo nunca existiu. O tempo, como mais uma forma do ser humano tentar controlar todas as coisas, só me faz perceber que acabo de perder mais tempo, ao escrever sobre o tempo. 

Mas todas as coisas nos escapam, seres humanos. Tentamos controlar todas as situações, todas as cordas, todos os nossos passos, que esquecemos de sorrir. Mas, para uma sociedade em Revolução Industrial, na qual tempo é dinheiro, e o teletransporte um dia será possível, o sorrir é perda de tempo. 

Pessoas são ignoradas todos os dias, por mim, por você, num vai-e-vem constante, no movimento incessante de correria. E então o olhar é gélido, o andar é apressado, o respirar não é notado e o sorriso é esquecido. Acabamos de perder a essência da vida, por que estamos sempre atrasados e sem tempo. 

O verdadeiro "eu te amo" não é dito, o amor é banalizado, os sentimentos esquecidos. Temos que ter tudo na hora que queremos; para conseguir, passamos por cima de tudo e de todos. A moda é pensar, apenas. Por que sentir nos toma tempo. 

Não há sensibilidade, não há sentimento. Há apenas falta de tempo. E quando se vê, eu já morri! E debaixo dos lençóis de terra úmida e bactérias roendo minha carne, lembro-me da pergunta que há muito tempo pensei, mas nunca respondi: "Tempo, por que deixo-te tomar minha vida?".

Eu morri sem sentir. Eu morri sem sorrir. Eu morri sem amar. Por que o tempo eu deixei minha vida tomar. 

Por isso digo a tu que lês: viva! Mas viva de verdade! Não dê adeus sem olhar para trás. Não vá embora sem sorrir. Não chores por leite derramado. Não ames por amar. Não sofra por antecipação. Prove o sal de suas lágrimas quando chorares, não de tristeza, de alegria. Agradeça a Deus pelo chão que pisas. Note as pessoas, por que elas também te notarão. Perdoe por mais difícil que seja. Não perca a fé; Deus cura tudo. Não perca tempo

Mas se for perder tempo, perca para fazer a vida valer a pena!

Escrevi esse texto refletindo sobre outros dois: O tempo (Mário Quintana) e o Mundo é de quem não sente (Fernando Pessoa).

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