"Uma mistura de corações desenfreados, batendo compulsivamente dentro do seu peito, enquanto olhos arregalados não conseguem enxergar nada além do que está escrito. E mãos suadas e geladas não se cansam de folhear as páginas ainda não descobertas pela leitura incessante."
Seria assim que eu definiria esse livro
que me deixou totalmente fascinada por Siena e sua arte. Confesso que de início
eu pensei: "será mais um romance bobo, no qual a mocinha se apaixona pelo
mocinho e no fim, há aquela morte trágica causado por ações imperialistas de
famílias italianas." O meu grande erro foi julgar o livro pela
capa. Por isso, prometi a mim mesma que eu irei criar algum critério crítico
após a leitura do conteúdo. Leiam e entendam o que eu digo! (Aviso que o post ficou enorme um pouco grande.)
RESENHA
Para Julie Jacobs, receber apenas uma carta da sua da sua
tia-avó Rose Jacobs como herança, enquanto Janice, sua irmã gêmea, ficava com a
casa, era simplesmente aceitar que a gêmea malvada a tinha derrotado. E pior,
era descobrir que tia Rose, aquela que Jules pensava que repartira tudo
igualmente entre ela e a sua inimiga, não era tão generosamente igualitária.
Mas, ao ler a carta entregue por Umberto – o mordomo de sua tia, que “desde
sempre estava lá” -, Julie descobre que seu nome verdadeiro é Giulietta Tolomei
e que sua mãe havia deixado um tesouro enterrado na cidade medieval de Siena,
Itália.
Julie, que era marcada pela polícia romana, acabou adotando a
identidade de Giulietta Tolomei e embarcou logo quando pode rumo à antiga Magna
Grécia, no Mediterrâneo. Sendo coincidência do destino ou não, ela conhece Eva
Maria Salimbeni, uma coroa enxuta e ricaça, que ao descobrir seu sobrenome
Tolomei inicia uma amizade forçada com - a então – Giulietta. É ai que
Giulietta entende o significado de seu sobrenome e a importância dele para as
pessoas que acreditavam em lendas de disputas entre os Tolomei e os Salimbeni
durante a Baixa Idade Média e seu declínio. Por intermédio dela, Giulietta
conhece Alessandro Santini, o afilhado da perua e chefe de segurança do banco
Monte del Paschi, que logo desconfia de sua identidade e obtém a sua ficha
criminal. O clima de hostilidade foi declarado desde o princípio, e os jogos de
gato e rato entre eles são constantes durante a trama.
Instruída pela carta a procurar um gerente de banco da época
em que sua mãe estava viva, Giulietta recebe uma antiga caixa deixada por sua mãe
Diane Tolomei. Ao sentir que está sendo seguida, Giulietta percebe que o seu nome
é muito mais do que uma simples palavra de identificação, mas carrega em si,
mais de 600 anos de história.
Perdida entre os papeis recém-descobertos na caixa de sua
mãe, Giulietta percebe a estória contada naquelas linhas é nada mais nada menos
que prenúncios do que é a história de Romeu
e Julieta, de Shakespeare.
Quando realmente acredita que a Giulietta Tolomei dos anos
1340 é sua ascendente, a antiga Jules Jacob sai à procura de um tesouro muito
bem escondido e em busca de respostas para o mistério que sua vida sempre foi
desde que sua mãe morrera. Em meio à descoberta das semelhanças entre sua vida
e suas origens e a vida daquela que originou a Julieta de Shakespeare,
Giulietta encontra as suas respostas e aquilo que procurava mesmo sem saber: o
seu Romeo. Mas tudo isso teria um preço. Será que ela estava disposta a pagar?
O QUE EU ACHEI DO LIVRO? (Advertência: Pode conter spoilers! / Warning: It might contain
spoilers!)
Não é preciso nem falar que eu gostei do livro, né? Só com os
dois primeiros parágrafos dá para “ler” a minha euforia.
Eu gostaria de destacar a trama que Anne Fortier teceu durante
todo o livro. Primeiro, ela toma as rivalidades que existiam entre os
verdadeiros sienenses Tolomei e Salimbeni, posteriormente os Marescotti, e
relata a estória da Giulietta que deu origem à Julieta de Shakespeare (espero
que os fãs de tio Will não fiquem chateados comigo, mas eu acredito na tese de
que a estória chegou mais ou menos pronta na mesa dele, e ele fez pequenos
ajustes. Bem, claro que eu preciso me informar mais, sobre isso. Por favor,
depois abriremos um tópico de discussão, já que se é muito interessante!). Anne
conseguiu escrever tudo de tal forma para que se encaixasse perfeitamente à
estória das Giulietta e Gianozza contemporâneas.
Uma coisa que me fez viajar no tempo e relembrar as aulas de
Feudalismo do Segundo Ano foi a descrição minuciosa do finalzinho da Idade
Média ali, já com as Cruzadas acabadas (Romeo Marescotti até fala a Frei
Lorenzo no seu primeiro encontro que não era um cavaleiro em defesa do
Cristianismo, pois as Cruzadas já haviam acabado) e a grande difusão do
Renascimento pela Europa, tanto é que há evidências do Classicismo e Paganismo:
você pode ver que a Virgem Maria é comparada com a deusa grega Atena e há a
referência constante às deusas Fortuna e Diana. Além de que, a presença de
pintores fazendo quadros e afresco para grandes famílias italianas demonstra o
interesse que elas tinham na arte – pelo menos, para aqueles recém-saídos da
“Idade das Trevas”, o conceito disso ainda estava em processo de lapidação.
Afinal, a Itália foi o berço do Renascimento e essas famílias ricas e poderosas
eram os Mecenas – os protetores e investidores das letras, artes, e afins. (Só
pra constar, eu adoro História tá? Por isso sei esses detalhes, rsrs.)
Eu também adorei descobrir que Sandro (imitem um sotaque
carregado) era o nosso tão esperado e adorado Romeo! Eu logo me apaixoni pelo
aquele ajeito marrentão, durão dele, e quando ele começa a fazer carinhos em
Giu-giu na Fontebranda, OMG, é para cair de joelhos né?!
Eu fiquei muito aborrecida com Umberto, porque ele demonstrou
ser tão bom para Giulietta, mas logo depois quando eu li que ele era o próprio
Luciano Salimbeni que tinha matado Diane e o Professor Tolomei, eu me revoltei
contra esse babaca. E também, eu senti muita raiva quando eu soube que Janice
subiu no quarto de Giulietta, porque logo pensei que ela estava por trás
daquilo tudo, de todas as perseguições a nossa heroína e essa mudança de
comportamento era muito estranha, né? Porém, nada me fez mais revoltada quando
eu vi que Romeo estava junto com.... O próprio Luciano Salimbeni! Cretino ele?
Não, imagina! Quando tudo se resolveu, e Umberto contou tudo às garotas, eu
realmente vi que Alessandro é um amor e muito apaixonadinho por Giuliettinha.
Eu entrei em estado de transe e me apaixonei por Siena e pela
Itália em geral. O país já está na minha listinha de lugares favoritos e
urgentes para conhecer. Além disso, eu também me apaixonei pela língua
italiana. Já tinha vontade de estuda-la, mas agora a vontade me fez me
matricular num curso de italiano on-line! Eu tenho até uma tia que fala sabe? É
minha chance de aprender um terceiro idioma e ter uma professora particular,
kk.
Eu até abaixei a guarda para Romeu e Julieta. Sério! Eu o vejo agora com outros olhos. Não com
olhos novos, mas com um pouco menos crítica. Preciso abrir as portas do meu
coração e entender as entrelinhas dele, ainda. Mas um dia eu vou vê-lo
diferente.
Enfim, não tem como não amar Julieta, Anne Fortier por ter escrito esse livro; a mãe dela
também, Vovó Brigitte, que fez tia Anne ter essa paixão pelas pesquisas sobre a
verdadeira estória e história por trás do tio Will; nem dá pra deixar de fora a perua da Eva Maria, nem a chata invejosa
da Janice – eu a amo (tenho sempre essa queda pelos mais malvados); nem o fofo
do Alessandro, o nosso Romeo, e principalmente, a nossa heroína mais adorada,
Giulietta Tolomei.
FÃ #1!
SOBRE A AUTORA ANNE FORTIER
Anne Fortier cresceu na Dinamarca, emigrou para os Estados Unidos em 2002 para trabalhar em cinema e é doutorada em História das Ideias pela Universidade de Aarhus, na Dinamarca. A história "Julieta" é inspirada na sua mãe, que sempre considerou Verona a sua verdadeira casa… até descobrir Siena. A sua estreia literária, Julieta, já foi publicada em mais de 30 países.
COMO EU DESCOBRI JULIETA?
Quando eu vi Julieta
pela primeira vez nas prateleiras geladas e de ferro das Lojas Americanas, eu o
achei interessante, mas não tanto quanto eu geralmente fico interessada por um
novo título nas prateleiras. Fiquei pensando que, apesar de ser um livro que
envolvia um mistério e uma maldição – o que muito me empolga -, era mais um
romance romântico que teria uma mocinha se apaixonando por um mocinho, e além
do mais, eu não gostava tanto assim
de Romeu e Julieta – já o havia lido,
mas não tinha os olhos que os grandes corações apaixonados têm para enxergar a
essência desse livro.
Outro dia então, eu estava na Livraria Imperatriz para
comprar um novo livro. Logo na entrada, eu vi Julieta, mas queria algo
diferente. Eu passei meia hora – juro juradinho com o dedo mínimo –
procurando um livro que se adequasse aos critérios de procura que eu tinha
naquele momento: segurei vários títulos, folheei outros tantos, e no fim,
decidi: não levaria nada. Minha tia que estava comigo e minha prima, então, me
disse para levar um livro, e depois, voltava outro dia e levava outro. Eu fiz:
“Quer saber? Vou levar Julieta”.
Engraçado, eu havia dado tantos rodeios à procura de um livro
que chamasse atenção dos meus sentidos e evitei tanto levar o livro com medo de
que fosse uma má escolha, que no fim, Julieta
já estava embrulhado e sendo levado por mim para casa com grande carinho e
amor.
Eu não escolhi o livro Julieta,
foi ele quem escolheu a mim.
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